
Festa de formatura, ela estava “assoberbadíssima” (como ela diz), iríamos entrar lado a lado no cerimonial, ficava dizendo:
- Fê, eu vou ficar do teu tamanho. As bichas vão marombar tanto, mas tanto no meu cabelo, vão fazer um coque tamanho jumbo e mais um saltão, tô aí junto contigo, Everest!
Não que eu seja alta ... se é que vcs me entendem ...
Então, depois da formatura, ela ficou na peleja de um concurso pra cartório que durou mais de quatro anos ... isso mesmo .. Durante todo esse tempo ela ficou alucinada ... Fez outros planos de carreira, já que não agüentava ficar na espera das etapas do dito concurso, queria montar uma fábrica de sabonete, fabricar velas, vender sanduíche na praia ... Mas não fez nada disso. Passou. Esperou! Nasceu. Agora ela é tabeliã. Isso aí. Rica e milionária dona de cartório. Numa pequena cidade de romeiros, colonização italiana no sul do país. A Tabeliã é maravilhosa. Tem lampejos inesperados, como um bombardeio em Hiroxima: devastadores. Ela sempre me surpreende. De tantas surpresas e micos, já me acostumei a aguardar pelo imponderável, quando se trata dela. Dia desses:
- Fê, olha só ... Tu sabes que Janis Joplin me acalma né?
- Não, não sabia, mas não me surpreende ... Janis?
- Claro, Janis ... e sabe .. que lá no cartório eu tenho me incomodado horrores, então coloquei um pouco da música da Janis pra me acalmar ...
- Aham ... – euzinha já apavorada, esperando o que vinha pela frente.
- Então, entram dois clientes junto com a vizinha do cartório apavoradas, perguntando "quem tá gritando, estão matando alguém"... ai, Fê, acho que eles não conhecem, Janis ...
- Pequena tabeliã, vai ver que foi por isso que tu foi parar nessa terra santa, pra apresentar Janis Joplin pros beatos ...
- Senhor, dai-me paciência ... - disse ela, entristecida e contrariada.
Fico imaginando a cara daquelas pessoas, italianões,dasantigas, religiosos, escutando a mulher (que eu também adoro!), esganiçadamente pedindo para Deus comprar um Mercedes Benz ... É, a culpa é do cartório! Só pode ser.
5 comentários:
Que figura bacana! Gostaria de ter uma amiga como essa!
Rsrsrsrsrsrs...figuraça!
:o)
Conta pra ela que a Janis, certa vez, ganhou eleição de homem mais feio do Campus. Não escrevi errado não, o HOMEM mais feio do Campus....rsrsrsrsrs
Beijocas linda!
Fezoca, amei o texto,mas o que posso fazer se nós aquarianos somos a frente do nosso tempo.Ainda eles vão curtir Janis e na próxima festa vai rolar o som dela.Quem sabe na inauguração do templo.
beijocas
Nossa Janis é f..., a italianada deve ter amado...
A tabeliã curte Janis... e o registrador imobiliário só se acalma com Frank Zappa e Jimi Hendrix.
Ah! adorei a história. Bem sei como é esse troço de concurso. Eu mesmo enfrentei um e agora sei o porquê das neuroses profissionais que acometem esses peculiares profissionais do direito que só se acalmam com rock´n´roll.
Sabe, direto do subúrbio paulistano, fui aterrisar nas franjas de São Paulo, às margens pantanosas do grande Rio Grande, entre paturis, restingas, paus-santos (ôpa!) gabirobas, sucupiras et coetera.
Na praça alguns lunáticos; um carro de som anuncia vez por outra o falecimento de um cidadão. Vai ziguezagueando pela cidade numa impressionante reminiscência da publicidade registral de proclamas. E este escriba foi se instalar no único hotel da cidade, disputando com as baratas um lugar ao sol na fechada sociedade local.
Nada me consolava. A não ser as modorrentas tardes que faziam arder as cercas em tons rosáceos e fúcsias, purpúreas gemas, rubis ensangüentados que explodiam em festa e alegria. No velho roadstar do Jeep rolava purple haze e o bom, velho e imbatível Frank Zappa.
Afinal, o que faz um registrador arder ao sol da restinga e uma tabeliã enfronhar-se na comunidade quatrilha? "We`re only in it for the money", poderia dizer e disse nosso blogger.
Sei não... Acho que rola vocação na parada!
SJ
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