Disse pro "perdidinho" Franklyn Gallani quando me mostrou a música, que ele tem uma verve "dasantigas", fazendo quase que "canções de protestos" ... são muito lindas ... tá no blog dele esta letra, que eu não resistindo, "furtei" pra cá ...
Essa letra, que tem uma melodia linda (embora o autor seja muito crítico) conta: " é a história de dois grandes amigos quando crianças, eles brincavam juntos, eram vizinhos, cresceram dividindo tudo...mas, depois do colégio, cada um tomou seu rumo... um entrou para a escola militar, o outro, entrou no curso de ciências políticas... anos mais tarde, depois do AI 5, um era militar da aeronáutica, o outro ativista político... então, um belo dia, um se depara com o outro nos papéis de torturado e torturador...anos depois eles se rencontram... e o torturador, remoído pelo remorso... está pensando em se matar..."
Então, para todos os revolucionários que habitam em nós, tenho a honra de apresentar, com "control+c" e "control+v", mais um ...
CONTO URBANO (Mais um...)
Acabo de ver você passando por mim
É estranho notar a feição do seu rosto
Talvez o desgosto, talvez o “paraíso”
Que você almejou e não pode alcançar...
Não pude deixar de notar o seu rosto
Que já não tem mais o brilho de outros dias
Que já não traz mais a ousadia que um dia eu vi
É estranho notar a feição do seu rosto
Talvez o desgosto, talvez o “paraíso”
Que você almejou e não pode alcançar...
Não pude deixar de notar o seu rosto
Que já não tem mais o brilho de outros dias
Que já não traz mais a ousadia que um dia eu vi
Você me fitou e não me reconheceu
Tirou um cigarro do bolso e acendeu
Prendeu a fumaça no peito e mirou o chão...
Talvez recordando do que fora o passado
Talvez relembrando momentos felizes
Os sonhos antigos das velhas batalhas
Onde forjou as atuais cicatrizes
Um tempo que o sangue era o dinheiro
A moeda de troca de seus ideais
O sonho do jovem que virou desespero
Os longos cabelos que já não tem mais...
Seus olhos são tristes, porém são sinceros
Não pude olvidar o que eles revelam:
A sua tristeza, a sua nostalgia
A cabeça pesada e a vida vazia
Perdeu-se no tempo e o tempo passou
O que procurava você não encontrou
E hoje – o futuro de ontem – é tão sombrio
Olhou-me novamente e não me reconheceu
Tirou mais um cigarro do bolso e acendeu
Porém desta vez fitou o céu...
Puxou do passado remoto a lembrança
De um tempo em que ainda brincava, criança
Sonhando em dia voar de avião
Enquanto corria feliz no quintal
Meu Deus, quando foi que errou o caminho?
Onde perdeu o que tinha de bom?
Já não mais suporta estar tão sozinho
Chorando baixinho, pedindo perdão...
Agora percebo seus olhos vermelhos
A boca franzida, os frágeis joelhos
Que, de um impulso, lançam-lhe as pernas
Para uma disparada pr’o nada – Oh! Não meu Deus!
Tento correr, mas não vou conseguir
Como é que só agora eu fui perceber
Que ele quer morrer!?
E lá se vai mais corpo para o alto
Que volta para o asfalto e cola no chão
A freada, a buzina, o estilhaço de vidro
Que ganha o espaço e atinge a multidão
Eu paro entre o povo e o acesso à avenida
Para ver mais uma vida que se vai em vão
E, enquanto aguardo o desfecho da trama
Concedo-lhe, enfim, o tão clamado perdão.
Diz o compositor:
"Essa é, talvez, minha composição preferida. Isso porque, não obstante o sentido que imprimi a ela, sempre suscita as mais diversas interpretações. Tenho certeza de que, se eu explicasse, vocês se surpreenderiam. Menos você, Michel; já discutimos isso à exaustão..."
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